Pregão, o túmulo
do acionista desconhecido
Toda esta novela do rombo do caixa da Petrobrás gerou uma
vítima, que até hoje foi olhada com extremo pouco caso pela autoridade, pela
companhia, pela imprensa e por muitos de nós.
A área de RI da empresa contabilizava este acionista como um
grupo de 537.200 pessoas físicas e jurídicas, brasileiras e estrangeiras, sendo
mais de 200 mil dentre eles investidores que adquiriram suas ações na NYSE,
Bolsa de Valores de Nova York. E reunia
o cotista num grupo de mais de 300 mil pessoas, que investiram mais de 7 bilhões de reais em cotas de fundos, estas sim todas pessoas físicas
detentoras de saldos no FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – que optaram
por realizar investimentos de seu patrimônio no Fundo em cotas de fundos
FMP-Petrobrás, dos quais os dois maiores são administrados pelo Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.
O descaso com o acionista chega ao ponto de a União,
acionista majoritária e controladora do capital da empresa, jamais ter-se
manifestado a respeito dele. Os diretores da Petrobrás em nenhum momento se
lembraram de protegê-lo, ainda que tenham um diretor de RI que acumula funções
com a diretoria financeira da empresa, o sr. Almir Barbassa, figura até hoje preservada
de quase todas as investigações, mas que detém o poder, desde o começo da
gestão Gabrielli, de coordenar todo o movimento de receita e despesa da
organização, e que sabe de tudo que entrou e tudo que saiu do seu caixa. Os administradores dos fundos FMP também não se manifestaram, deixando os cotistas na crença de que são acionistas da Petrobrás, quando não são.
O descaso ainda é manifesto nas ações e reações da Bolsa e
da CVM. A primeira, que deixa o barco correr sem qualquer interferência na
atividade com ações e opções da companhia, quase toda ela concentrada em
especuladores e day traders. E a CVM, limitada na sua capacidade de punir e no
emaranhado legal que, afinal de contas, carimba a Petrobrás como a Grande
Vítima.
Quem cuida do acionista, por enquanto, são os norte-americanos,
seja através da SEC (Securities &Exchange Commission), seja através do Departamento
de Justiça (que está com seus peritos vasculhando a escrita e a contabilidade
da Petrobrás) e a Corte Distrital da cidade de Providence, Rhode Island, que
cita até a presidente Dilma Rousseff como pessoa envolvida no imbróglio.
E quem faz a festa, mesmo perdendo muito dinheiro, é o
jogador de Bolsa, que sempre encontra uma vaza para comprar ou vender, em busca
do lucro especulativo.
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