quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Pregão, o túmulo 

do acionista desconhecido

Toda esta novela do rombo do caixa da Petrobrás gerou uma vítima, que até hoje foi olhada com extremo pouco caso pela autoridade, pela companhia, pela imprensa e por muitos de nós.

Esta vítima é o acionista e o cotista que possui ações da Petrobrás.

A área de RI da empresa contabilizava este acionista como um grupo de 537.200 pessoas físicas e jurídicas, brasileiras e estrangeiras, sendo mais de 200 mil dentre eles investidores que adquiriram suas ações na NYSE, Bolsa de Valores de Nova York.  E reunia o cotista num grupo de mais de 300 mil pessoas, que investiram mais de 7 bilhões de reais em cotas de fundos, estas sim todas pessoas físicas detentoras de saldos no FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – que optaram por realizar investimentos de seu patrimônio no Fundo em cotas de fundos FMP-Petrobrás, dos quais os dois maiores são administrados pelo Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.

O descaso com o acionista chega ao ponto de a União, acionista majoritária e controladora do capital da empresa, jamais ter-se manifestado a respeito dele. Os diretores da Petrobrás em nenhum momento se lembraram de protegê-lo, ainda que tenham um diretor de RI que acumula funções com a diretoria financeira da empresa, o sr. Almir Barbassa, figura até hoje preservada de quase todas as investigações, mas que detém o poder, desde o começo da gestão Gabrielli, de coordenar todo o movimento de receita e despesa da organização, e que sabe de tudo que entrou e tudo que saiu do seu caixa. Os administradores dos fundos FMP também não se manifestaram, deixando os cotistas na crença de que são acionistas da Petrobrás, quando não são.

O descaso ainda é manifesto nas ações e reações da Bolsa e da CVM. A primeira, que deixa o barco correr sem qualquer interferência na atividade com ações e opções da companhia, quase toda ela concentrada em especuladores e day traders. E a CVM, limitada na sua capacidade de punir e no emaranhado legal que, afinal de contas, carimba a Petrobrás como a Grande Vítima.

Quem cuida do acionista, por enquanto, são os norte-americanos, seja através da SEC (Securities &Exchange Commission), seja através do Departamento de Justiça (que está com seus peritos vasculhando a escrita e a contabilidade da Petrobrás) e a Corte Distrital da cidade de Providence, Rhode Island, que cita até a presidente Dilma Rousseff como pessoa envolvida no imbróglio.

E quem faz a festa, mesmo perdendo muito dinheiro, é o jogador de Bolsa, que sempre encontra uma vaza para comprar ou vender, em busca do lucro especulativo. 

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