quarta-feira, 29 de abril de 2015




COM NOVA SELIC, CUSTO DA DÍVIDA
PÚBLICA CRESCE R$ 12 BILHÕES

Cada vez que o COPOM diz ao governo para mudar o custo da dívida pública brasileira, o Tesouro Nacional se obriga a pagar mais R$ 23,3 bilhões para cada 1% de variação na taxa Selic.
Com isso, hoje o Tesouro Nacional fica devedor em mais R$ 11,65 bilhões aos portadores de títulos públicos federais, e o total dessa dívida, atualizado para fim de abril, deve chegar próximo dos R$ 2, 5 trilhões, com um custo que se aproxima dos R$ 300 bilhões anuais.
A seguir, os dados de fevereiro, expostos pela STN em seu site, e na foto quem são os detentores desses títulos:
  •          Dívida pública federal: R$ 2.329,60
  •          Custo médio (último dado em fevereiro): 11,71%
  •          Valor nessa taxa: R$ 272,8 bilhões
  •          Cada 1% da dívida - R$ 23,3 bilhões
  •          Cada 0,5% da dívida – R$ 11,65 bilhões



segunda-feira, 20 de abril de 2015




TRIMESTRE ATUAL SERÁ PIOR QUE O PRIMEIRO,
ACREDITAM BANCOS E CONSULTORIAS

“O desempenho da economia brasileira no primeiro trimestre de 2015 indica uma desaceleração profunda da atividade em todo o primeiro semestre”, segundo o economista-chefe do Grupo Bradesco, Octávio de Barros.
Para ele, o pior momento ocorrerá neste período abril-junho, quando a retração já observada no primeiro trimestre será sentida com mais intensidade.
Esta avaliação é compartilhada por Fábio Silveira, da GO Associados, que vaticina “um primeiro semestre doloroso” para a economia, e por Thiago Biscuola, da RC Consultores, para quem “o cenário deve piorar”.
Com isso, confirmam-se as expectativas da performance do PIB nos primeiros meses do ano, onde as avaliações foram unânimes em afirmar que o PIB regrediu no período. As sete principais consultorias econômicas, mais oficiais públicos como o diretor do Departamento de Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), Alejandro Werner e Julio Gomes de Almeida, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, confirmam a tendência.

(Os dados e as opiniões foram colhidos e expostos pelo jornal O Estado de S. Paulo, com texto dos jornalistas Luiz Guilherme Gerbelli e Marcia de Chiara)

NOTA:
Matérias deste blog relacionadas ao assunto PIB:
13 de abril
Outono Brasileiro
29 de março
Média móvel da variação % do PIB real despenca de 2008 para cá
28 de março
Porque vemos o PIB com (-3%) e (-4%) este ano,
e uma inflação beirando os 12%
19 de março
Ajuste fraco e pressões sobre Joaquim Levy








quinta-feira, 16 de abril de 2015






PROSSEGUE AÇÃO CONTRA
PETROBRÁS EM NOVA YORK

Vence hoje (17) às 15 horas, hora de Nova York, o prazo para os advogados das partes entregarem por escrito ao juiz Jed Rakoff a peça de acusação e as razões de defesa da ação coletiva onde são réus os principais administradores da Petrobrás no período entre 2010 e novembro de 2014.
Nomeadamente, são acusados Sergio Gabrielli, Graça Foster e Almir Barbassa. Dilma Rousseff é citada, mas não é ré. A ação tem também a própria Petrobrás entre os acusados de violar a legislação federal dos Estados Unidos, num sistema “multi-year, multi-billion dóllar” de propinas e subornos.
Os delitos estão enquadrados no Securities Exchange Act of 1934 (“Exchange Act”). A ação corre na Corte Distrital Sul da cidade de Nova York, no tribunal presidido pelo juiz Jed Rakoff.
Os documentos que devem ser entregues hoje constituem a base da argumentação para o julgamento da ação, que prossegue no próximo dia 29 de maio, a partir das 15 horas locais, onde as partes devem comparecer para ser ouvidas em audiência.

A AUDIÊNCIA DE 29 DE MAIO
A sessão do dia 29 terá lugar na sala 14B (telefone 212-805-0129) do tribunal situado em 500 Pearl Street, em Manhattan. Os prejudicados estarão representados pelo USS - Universities Superannuation Scheme, Ltd -, fundo de pensão estabelecido em Liverpool, Inglaterra, com cerca de 65 bilhões de dólares de mais de 314 mil professores, apoiados pelo escritório de advocacia Pomerantz LLP, com 80 anos de histórico na defesa de investidores, hoje com uma carteira de clientes que supera os 2 trilhões de dólares.
A ação abrange todas as pessoas ou entidades que negociaram ações (ADRs) da Petrobrás entre 20 de maio de 2010 e 21 de novembro de 2014.
A ação contra a Petrobrás consolida as ações:
·         Kaltman. See Ngo v. Petroleo Brasileiro, 14-cv- 9760; 
·         Messing v. Petroleo Brasileiro, 14-cv-9847; 
·         City of Providence v. Petroleo Brasileiro et al., 14-cv-10117; 
·         Kennedy v. Petroleo Brasileiro, 15-cv-93.
Além destas, a Corte reuniu ainda as seguintes ações:
·         Grupo "SKAGEN-Danske" com três empresas administradoras de investimentos europeias (SKAGEN AS, Danske Invest Management A/S, e Danske Invest Management Company)
·         Grupo "State Retirement Systems" com os fundos de pensão de três estados (Ohio Public Employees Retirement System, Public Employee Retirement System of Idaho eEmployees' Retirement System do estado do Hawaii)
·         Universities Superannuation Scheme, Ltd., que lidera o caso;
·         Daniela Freitas Da Silva, uma investidora pessoa física 




segunda-feira, 13 de abril de 2015




OUTONO BRASILEIRO


Mais que indicadores econômicos, o clima político pressiona a atividade econômica brasileira, e seu comportamento pode repetir o ano de 2002, quando o medo-pânico do “Lula vem aí” elevou o dólar a R$ 4,00 e a inflação a 12,5%, uma disparada de curto prazo.
Neste começo de outono, o clima de medo-pânico atende pelo nome de “Dilma não sai”, arrefecido esta semana com a promoção de Michel Temer à condição de primeiro-ministro de fato.
Não obstante, sua convivência com seus companheiros de partido (mas não de pensamentos e atitudes) Renan Calheiros e Eduardo Cunha, não consegue corrigir as principais tendências que se apresentaram nesta semana, quais sejam:
·         Variação esperada no PIB real de 2015 em torno de (-3%) a (-4%);
·         Variação esperada no PIB industrial podendo atingir os (-6%)
·         Previsão implícita de crescimento da inflação até níveis próximos dos 12%.



GOVERNO FAZ FORÇA
O governo (ministro Joaquim Levy) preocupa-se com os cenários econômicos que lhe permitam atrair poupança externa, e para isso se esforça por convencer o Congresso Nacional a apoiar a correção dos desajustes fiscais provocados pelo governo Dilma 1.0. Nesses cenários, ele deseja evitar que as agências de rating rebaixem a classificação de risco dos títulos do Brasil. "Estamos trabalhando para evitar cenários de downgrade e inflação alta” diz ele.
"Só podemos entrar nessa etapa (de retorno do crescimento), se a primeira etapa, a do ajuste, estiver pronta", afirmou. Levy disse que é importante não ter medo do ajuste. "Se a gente fica com medo, vamos ter problemas", afirma.

AS LINHAS DE AÇÃO
Vencidas as providências para corrigir os desajustes fiscais, Levy pretende:
·         Abrir espaço para o investidor privado em ativos de infraestrutura;
·         Criar instrumentos de project finance com baixo risco comercial e retorno de longo prazo;
·         Fortalecer a área de governança na infraestrutura
Assim terá maior estabilidade nas regras do jogo, visando a mitigar o risco regulatório. Para isso quer projetos executivos com preparo mais acurado, para atrair mais investidores, acreditando que estas iniciativas podem reduzir o risco real ou não percebido pelo investidor.
É o governo utilizando princípios de finanças comportamentais em política pública.




quarta-feira, 8 de abril de 2015





ALVORADA, ADEUS?



O mandato de Dilma Rousseff emagrece a olhos vistos.
Ao transferir a articulação política de seu governo para Michel Temer, Dilma dá um aviso prévio aos Dois Poderes: sua força política está nas últimas, o acúmulo de erros encheu as medidas, ela tem muito pouco a sustentá-la.
Seu principal opositor hoje, o PMDB, assume as rédeas do país com uma verdadeira Junta Governativa (Temer, Renan e Cunha), onde os membros falam dialetos diferentes, mas estão unidos em se opor ao partido da chefa e o que ele representa.
Nem a Lula Dilma se sente obrigada a ser leal, certamente porque entende que ela representa apenas uma fase do projeto de poder dele, e que de agora em diante tornou-se um empecilho incômodo para que ele mantenha um mínimo de penetração popular que lhe assegure votos na próxima eleição.
O povo, que desacredita definitivamente nela, prevê um futuro difícil, receoso em relação ao descontrole inflacionário, ao temor do desemprego, ao crescente endividamento pessoal. Sabe que previsões realistas de 60 dias atrás sobre o comportamento da Economia estão hoje comprometidas pelos desarranjos cambiais, pela paralisia que atinge a indústria, pela queda abrupta nos níveis de consumo. As empresas constatam as severas restrições ao crédito, o acúmulo de estoques, o impacto na formação de seus custos.
O mandato, visto como terminal sob a ótica da política, está ainda comprometido pelas ruínas econômicas que desabam sobre a sua imagem de gerentona:
·         O rombo no caixa da Petrobrás, cujas consequências ainda são parcialmente desconhecidas, podendo atingir a centenas de bilhões de dólares entre prejuízos e indenizações no Brasil e no Exterior;
·         A crise energética que chega a milhões de consumidores com preços de consumo de energia doméstica além de qualquer medida razoável;
·         As suspeitas que se levantam contra o BNDES, relacionadas a financiamentos de empresas brasileiras em operações no Exterior e às chamadas “operações secretas”, cujos teor e valor o Brasil inteiro quer conhecer;
·         O rombo nos fundos de pensão das repartições, autarquias e empresas estatais, já na casa dos R$ 31 bilhões, com situação de alto poder de conflito, como a decisão dos Correios de descontar dos 70 mil funcionários os prejuízos causados ao Postalis por diretores políticos e sindicais;
·         Sem que se possa responsabilizar o seu governo, a corrupção intensificada nas cobranças de impostos em fase de apreciação pelo CARF – Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, já rondando a casa dos R$ 20 bilhões.
Aos escombros da atuação política soma-se a correção dos desajustes fiscais de uma política econômica desastrosa no primeiro mandato de Dilma, e que é essencial para reordenar a economia brasileira, mas tem, no próprio Congresso Nacional, muitos obstáculos a vencer, porque é orientada para o aumento das receitas e não para a diminuição dos custos de governar.
Cremos que, para Dilma, falta apenas ligar o desconfiômetro e encontrar uma forma negociada de afastar-se da presidência, renunciando ao mandato.

Lula? Será a grande incógnita dos próximos meses...