quarta-feira, 8 de abril de 2015





ALVORADA, ADEUS?



O mandato de Dilma Rousseff emagrece a olhos vistos.
Ao transferir a articulação política de seu governo para Michel Temer, Dilma dá um aviso prévio aos Dois Poderes: sua força política está nas últimas, o acúmulo de erros encheu as medidas, ela tem muito pouco a sustentá-la.
Seu principal opositor hoje, o PMDB, assume as rédeas do país com uma verdadeira Junta Governativa (Temer, Renan e Cunha), onde os membros falam dialetos diferentes, mas estão unidos em se opor ao partido da chefa e o que ele representa.
Nem a Lula Dilma se sente obrigada a ser leal, certamente porque entende que ela representa apenas uma fase do projeto de poder dele, e que de agora em diante tornou-se um empecilho incômodo para que ele mantenha um mínimo de penetração popular que lhe assegure votos na próxima eleição.
O povo, que desacredita definitivamente nela, prevê um futuro difícil, receoso em relação ao descontrole inflacionário, ao temor do desemprego, ao crescente endividamento pessoal. Sabe que previsões realistas de 60 dias atrás sobre o comportamento da Economia estão hoje comprometidas pelos desarranjos cambiais, pela paralisia que atinge a indústria, pela queda abrupta nos níveis de consumo. As empresas constatam as severas restrições ao crédito, o acúmulo de estoques, o impacto na formação de seus custos.
O mandato, visto como terminal sob a ótica da política, está ainda comprometido pelas ruínas econômicas que desabam sobre a sua imagem de gerentona:
·         O rombo no caixa da Petrobrás, cujas consequências ainda são parcialmente desconhecidas, podendo atingir a centenas de bilhões de dólares entre prejuízos e indenizações no Brasil e no Exterior;
·         A crise energética que chega a milhões de consumidores com preços de consumo de energia doméstica além de qualquer medida razoável;
·         As suspeitas que se levantam contra o BNDES, relacionadas a financiamentos de empresas brasileiras em operações no Exterior e às chamadas “operações secretas”, cujos teor e valor o Brasil inteiro quer conhecer;
·         O rombo nos fundos de pensão das repartições, autarquias e empresas estatais, já na casa dos R$ 31 bilhões, com situação de alto poder de conflito, como a decisão dos Correios de descontar dos 70 mil funcionários os prejuízos causados ao Postalis por diretores políticos e sindicais;
·         Sem que se possa responsabilizar o seu governo, a corrupção intensificada nas cobranças de impostos em fase de apreciação pelo CARF – Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, já rondando a casa dos R$ 20 bilhões.
Aos escombros da atuação política soma-se a correção dos desajustes fiscais de uma política econômica desastrosa no primeiro mandato de Dilma, e que é essencial para reordenar a economia brasileira, mas tem, no próprio Congresso Nacional, muitos obstáculos a vencer, porque é orientada para o aumento das receitas e não para a diminuição dos custos de governar.
Cremos que, para Dilma, falta apenas ligar o desconfiômetro e encontrar uma forma negociada de afastar-se da presidência, renunciando ao mandato.

Lula? Será a grande incógnita dos próximos meses...

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