quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015



BRASIL Á PROCURA DE UM 

GIGANTE EMPRESARIAL


Amanhã, Dilma encontra com Lula em BH, na presença do Rui, sem sequer uma perspectiva de solução para este rombo da Petrobrás. Vai mencionar sua escolha. 

E daí? O que o escolhido deve fazer? 

Primeiro, ele tem que aceitar ser o novo presidente da Petrobrás. Daí, ele começa procurando na empresa novos diretores, entre eles diretores técnicos, gente que conhece o plano de negócios e a operação da Petrobrás. 

Vai ter que selecionar um diretor financeiro que ponha o dedo mágico em cima das oito áreas de atuação da companhia, com um emaranhado de procedimentos onde hoje, por baixo, centenas de executivos autorizam despesas nessas áreas. Lembrar que há 13 anos essa área é tocada pelo Gabrielli e pelo Barbassa, que a deixaram do jeito que está.

Será obrigado, desde a semana passada, a refazer o planejamento estratégico da empresa, em função das novas necessidades e disponibilidades de caixa, do mercado internacional do petróleo virado do avesso, da estranha posição de cobrar mais caro quando o mundo cobra mais barato. Pensar em prospecção, extração, refino, transporte, distribuição, operações no Exterior. Pensar no que fazer com o pré-sal (partilha ou concessão?), com o etanol. Informar-se sobre o futuro esgotamento de algumas áreas de produção.Só isso deve consumir mais da metade de seu mandato.

Não pode esquecer do meio milhão de acionistas e mais de quarto de milhão de cotistas dos fundos montados com recursos do FGTS. Estes acionistas e cotistas estão espalhados pelo mundo, e - claro que com algumas exceções - odeiam o que a companhia fez com o capital deles. Hoje, vendo suas aplicações na casa dos 40% do seu valor patrimonial, pensam se e quando reaverão pelo menos o valor aplicado. Os acionistas que estão nos Estados Unidos começam a agir contra os administradores da companhia, e eles azedam qualquer um: a lei dos norte-americanos não se parece com a nossa, e lá a coisa será para valer.  Entre as punições possíveis estão grandes multas financeiras e a retirada das ações da empresa da listagem da Bolsa de Nova York, um prejuízo de imagem difícil de remendar.

Tem que dispensar, a toque de caixa, a militância petista que recebe salário sem merecer - e eles são muitos. 

Tem que encontrar os números que comporão as demonstrações contábeis, que surpreendentemente não são do conhecimento da área financeira, da tesouraria, da contabilidade ou da inspetoria, que acham que as divergências no valor dos ativos são desconhecidas e estão em dezenas de bilhões de reais. 

Precisará se encontrar com os membros do Conselho de Administração, capitaneado pelo pobre Guido Mantega, que não sabe nem balbuciar as diretrizes e deliberações que este homem precisará cumprir. Provavelmente proporá, como condição inicial, a dispensa de todos, e a formação de um novo Conselho com melhor noção de governança.

Tem que mexer no organograma, promovendo a nova diretoria de compliance (qualquer que seja o seu nome) para cima do seu retângulo, já que esse cargo deve reportar-se ao presidente do Conselho e não a ele, como sabe qualquer dono de empresa, o que é o caso da União.

Deve se preocupar desde já com uma lista de dezenas de políticos, que logo após o Carnaval serão expostos na mídia como os grandes beneficiados do rombo, e que já estão prontos a desmentir esses benefícios, e a criar histórias paralelas para se defender no seu foro legal, que é o STF. Gente que vai complicar e dificultar a apuração de muitos fatos que levaram a Petrobrás a esta situação.

Terá que deixar tudo bem arrumadinho e separadinho, para que ninguém confunda o seu novo mandato com a zorra que habita a avenida Chile hoje em dia. 

Ou seja, tem que ser um gigante. E não há muitos gigantes no mercado...

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