sábado, 7 de fevereiro de 2015


UM BUSINESS PLAN PARA

A PETROBRÁS EM CRISE


Qual é o Business Plan da Crise para a Petrobrás sair do atoleiro?
Evidente que o fator crítico para o sucesso dessas medidas é a atitude do governo federal. Sem descer a pormenores sobre qual deva ser essa atitude, é certo que é uma exigência essencial para o sucesso das medidas sugeridas.
Vi, li e ouvi muitas opiniões, e posso resumi-las – adicionando aquilo que penso – nos seguintes tópicos:

A questão financeira:
  • É preciso repor o Caixa da empresa. A União deve retornar todos (repito, todos) os impostos federais que incidem nos derivados diretamente ao Caixa da Petrobrás;
  • Evidentemente, todos os valores desviados que forem recuperados têm o mesmo destino;
  • A União deve retornar ao Caixa os dividendos que tiver a receber, integralmente, até que o Caixa seja reposto, bem como outros resultados obtidos pela companhia ao cumprir seus objetivos sociais;
  • Estas reposições devem preservar, integralmente, os resultados que seriam obtidos pelos acionistas, em contabilidade paralela, conferida e auditada em separado. Para tanto, veja uma solução apontada a seguir. (Petrobrás Boa);
  • O financiamento da sua operação deve ser assegurado pelos bancos públicos brasileiros, a custos equivalentes aos custos internacionais do momento;
  • A União deve reformular o trabalho de seus analistas de empresas estatais, especialmente na Secretaria do Tesouro Nacional (COPAR), no Ministério do Planejamento e na Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, a fim de que estes eventos não voltem a ocorrer;
  • As operações em bolsas de valores, aqui e no Exterior, devem ser suspensas até a divulgação do Plano, para evitar que posições especulativas distorçam as providências assumidas pelo governo;
  • Para que isso tudo não configure socializar o prejuízo com utilização de impostos e dividendos, fica a União obrigada a compensar esta reposição de caixa, tão logo os fluxos financeiros da Petrobrás voltem ao normal;


A organização:
  • A Petrobrás é, na verdade, um conglomerado de empresas. Conselho e Diretoria devem reorganizar esse conglomerado, isolando as empresas onde se deram os delitos financeiros no que eu chamaria de Petrobrás Ruim.
  • O restante se organiza como Petrobrás Boa, que fica imune aos ajustes financeiros que são exigidos para a Petrobrás Ruim;
  • Isso sugere, na verdade, a existência simultânea de duas diretorias, sendo uma operacional e outra, diretoria de crise, bem como uma limpeza geral muito rigorosa no setor de RH;


A revisão das operações:
  • É inevitável que a companhia esteja com seus orçamentos contidos, em face da depredação financeira que ocorreu;
  • Por isto, os investimentos que estejam em fase de conclusão devem ser terminados, os investimentos que ainda estão em fase de planejamento devem aguardar a recomposição financeira da empresa;
  • Assuntos de natureza política delicada, como a opção de partilhas ou concessões, devem ser postergadas, porque representam enorme desgaste se forem decididas no atual clima;


A contratação de empreiteiras e outros fornecedores implicados no rombo:
  • Afastá-los das licitações e das obras em andamento e abrir a contratação de outras empreiteiras (necessariamente estrangeiras) é um erro político e econômico que deve ser evitado;
  • Há que punir pessoas, não destruir os ativos e a expertise que essas empresas possuem em obras de grande porte, onde são reconhecidas internacionalmente por sua capacidade técnica;
  • A punição mais recomendável é a pecuniária. Cabe a elas devolver o que desviaram, cabe à Justiça multá-las pelos delitos que cometeram;


A punição dos responsáveis
  • O governo deve envidar todos os esforços para que a aplicação de punições aos responsáveis seja exemplar, sem levar em conta a cor política. Desvios de conduta para proteger amigos e assemelhados têm que ser evitados, e cabe ao próprio governo solicitar aos tribunais que sejam rápidos e exemplares em suas sentenças.
  • A desmoralização pública que ocorreu no julgamento do mensalão tem que ser evitada, sob pena de a opinião pública voltar-se contra o governo de forma intolerante;


A segregação dos políticos:
  • A Petrobrás deve ser entendida como o primeiro passo para criar uma muralha chinesa (chinese wall), segregando completamente as empresas estatais do contato político. Esta providência deve atingir as 141 empresas estatais e suas subsidiárias;
  • Os políticos envolvidos na operação Lava Jato devem ser punidos com perda definitiva de mandato e recolhimento à prisão. Se o governo amolecer esta atitude, põe todo o projeto a perder.
  • Se isso exigir cadeia para pessoas de alta envergadura política, problema delas;


O julgamento nos Estados Unidos:
  • Essas atitudes tomadas aqui no Brasil atenuarão consideravelmente o julgamento da ação coletiva que correrá nos Estados Unidos (veja post anterior neste blog), ainda que se preveja que a Justiça norte-americana será especialmente rigorosa no exame dessa ação.
  • Os administradores citados na ação devem comparecer ao tribunal e expor as correções que governo e a empresa estão realizando para arrumar a casa.


Eis o que penso e o que colhi de diversas fontes, capitalistas, socialistas, pelo menos uma comunista.

Evidentemente, aceito reparos e sugestões dos amigos. 

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