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800 ANOS DA MAGNA CARTA
A constituição não escrita
dos ingleses tem um texto que a rainha Elizabeth apresenta hoje (13 de março) ao público em
Londres, comemorando os 800 anos do dia em que o rei John submeteu-se aos
barões ingleses.
A doutrina inglesa da época
era que um homem livre pode escolher o seu lorde, segui-lo na guerra e
trabalhar para ele na paz. Em troca, o lorde deve protegê-lo contra a invasão
de vizinhos e ampará-lo nas cortes de lei.
Winston Churchill, em “História
dos Povos de Língua Inglesa” diz que a leitura da magna Carta é desapontadora.
Ela não é a Grande Carta das Liberdades, mas a Longa Lista dos Privilégios dos
Barões, à custa do estado.
É uma declaração sobre o
que é a lei, e indica os pontos nos quais o rei invadira os antigos direitos dos
barões.
Subordina o rei a Deus e à Lei, e inibe o governo pessoal, que não pode
ser duradouro.
Os barões e a cúpula da
igreja se reúnem na campina às beira-rio de Runnymeede, a oeste de Londres.
Poucos comparecem ao encontro do rei. Sabem que o rei jamais lhes perdoará a
humilhação. Um prelado lê os “Artigos dos Barões”, até hoje guardados no Museu
Britânico, e expostos desde hoje à visitação pública.
Os ingleses jamais
reconheceram a Magna Carta como a sua Constituição. Eles preferem dizer que não
têm uma Constituição escrita.
O mundo levou 550 anos para
outro povo escrever uma Constituição novamente, desta vez no outro lado do
Atlântico, quando se escreveram os artigos da Confederação, que estabelecem um
governo central fraco. O novo Congresso autoriza a emissão de dinheiro, cria inflação ao estabelecer que um dólar-ouro vale quarenta dólares-papel. Os Treze Estados signatários estão cobertos de dívidas, os tributos recaem sobre as terras, fazendo perigar o direito de propriedade. Há a iminência de um grande conflito internacional (uma "guerra mundial" acabara de acontecer na Europa), que só ocorreu um século e meio depois.
Mais uma vez, o povo nomeia
um paladino da defesa do direito de propriedade dos barões burgueses das colônias
do Leste da América, em sete artigos que se baseiam na velha doutrina inglesa,
incorporando velhas ideias de justiça e liberdade.
É a primeira constituição
escrita que o mundo conhece.
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