AJUSTE FRACO E PRESSÕES
SOBRE JOAQUIM LEVY
A política aprisiona o país no fatídico
beco-sem-saída. Onde o político diz "não", mas não se responsabiliza
pelas consequências.
Isto vem a propósito do que o jornal Valor Econômico
publica hoje, dia 19, sobre o Armínio Fraga: “O ajuste está aquém do necessário”.
Armínio, ao opinar com esse “aquém do necessário”, expressa a opinião de quem
foi professor do Levy, na FGV.
Fica evidente que o Joaquim Levy está vendo que esse
"aquém" é o possível hoje. Os baixos cleros do Senado e Câmara são
incapazes de sequer entendê-lo, que dirá apoiá-lo. Se as agências ameaçarem baixar
nosso rating, nem assim entenderão.
O impasse político é, então, nosso principal problema. E, sem
dúvida, vai aumentar o custo social do
ajuste econômico, mais à frente!
Isso nos leva
a prever, desde já, uma recessão clara, aberta, com queda do PIB, em termos reais, já neste
ano, de (-) 3% a (-) 5%. O próprio Armínio fala em inflação “acima de 8%”, em
2015. Fica claro que, com o peso de figura pública, ele não deve dizer tudo o
que já está sentindo.
INFLAÇÃO É PRIVILÉGIO COMO META
A
essência da questão é: como a inflação resume, como variável-objetivo, o
conjunto de sintomas que representam a efetiva desorganização de um sistema
econômico, ela deve ter um certo privilégio como meta de política econômica. A
desorganização da política econômica, nos últimos anos, gerou pressões tão
negativas que será inevitável que mantenhamos metas de inflação com um
certo privilégio -- mas de médio prazo (média de 2 a 3 anos à frente),
caso contrário, o custo social, em termos de níveis de
recessão (desemprego) pode se tornar política e socialmente
insustentável.
É
claro que privilegiar a taxa de inflação, como meta, implica na aceitação implícita
de que a sociedade pode, a curto prazo (macroeconomicamente falando) se dar ao
luxo de aceitar alguma oscilação perversa dos níveis de produto real. Em suma,
desempenhos, em termos de PIB real e, portanto, níveis de emprego, serão relativamente
indesejáveis.
Isso nos impõe uma leitura de que o cenário geral é
que o Brasil terá que aceitar uma elevação transitória da inflação, mesmo que
não possa admitir esse fato, desde que Joaquim Levy (ou outro executivo com
pensamento econômico semelhante) leve adiante os ajustes desse ajuste fiscal.
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