quinta-feira, 19 de março de 2015



AJUSTE FRACO E PRESSÕES 

SOBRE JOAQUIM LEVY


A política aprisiona o país no fatídico beco-sem-saída. Onde o político diz "não", mas não se responsabiliza pelas consequências.
Isto vem a propósito do que o jornal Valor Econômico publica hoje, dia 19, sobre o Armínio Fraga: “O ajuste está aquém do necessário”. Armínio, ao opinar com esse “aquém do necessário”, expressa a opinião de quem foi professor do Levy, na FGV.
Fica evidente que o Joaquim Levy está vendo que esse "aquém" é o possível hoje. Os baixos cleros do Senado e Câmara são incapazes de sequer entendê-lo, que dirá apoiá-lo. Se as agências ameaçarem baixar nosso rating, nem assim entenderão.
O impasse político é, então, nosso principal problema. E, sem dúvida, vai aumentar o custo social do ajuste econômico, mais à frente!
Isso nos leva a prever, desde já, uma recessão clara, aberta, com queda do PIB, em termos reais, já neste ano, de (-) 3% a (-) 5%. O próprio Armínio fala em inflação “acima de 8%”, em 2015. Fica claro que, com o peso de figura pública, ele não deve dizer tudo o que já está sentindo.

INFLAÇÃO É PRIVILÉGIO COMO META
A essência da questão é: como a inflação resume, como variável-objetivo, o conjunto de sintomas que representam a efetiva desorganização de um sistema econômico, ela deve ter um certo privilégio como meta de política econômica. A desorganização da política econômica, nos últimos anos, gerou pressões tão negativas que será inevitável que mantenhamos metas de inflação com um certo privilégio -- mas de médio prazo (média de 2 a 3 anos à frente), caso contrário, o custo social, em termos de níveis de recessão (desemprego) pode se tornar política e socialmente insustentável. 
É claro que privilegiar a taxa de inflação, como meta, implica na aceitação implícita de que a sociedade pode, a curto prazo (macroeconomicamente falando) se dar ao luxo de aceitar alguma oscilação perversa dos níveis de produto real. Em suma, desempenhos, em termos de PIB real e, portanto, níveis de emprego, serão relativamente indesejáveis.
Isso nos impõe uma leitura de que o cenário geral é que o Brasil terá que aceitar uma elevação transitória da inflação, mesmo que não possa admitir esse fato, desde que Joaquim Levy (ou outro executivo com pensamento econômico semelhante) leve adiante os ajustes desse ajuste fiscal.





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