QUANDO SETE MESES
É MAIS QUE UM ANO?
A inflação brasileira destes sete
meses de 2015 supera o teto de inflação programado pelo sistema de metas do
Banco Central para todo o ano de 2015, fixado em 6,5%.
São 6,83% de inflação entre janeiro
e julho, e, se você quiser medir um ano cheio, de 12 meses, chegará aos 9,56%
no cômputo geral, com diversas áreas metropolitanas ultrapassando os 10% no
período. Entre elas, o Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre e Goiânia.
Dados divulgados hoje pelo Boletim Focus do Banco Central |
As tendências se confirmam pela
opinião dos analistas consultados pelo Banco Central e externada no boletim
Focus divulgado hoje (10 de agosto), com a previsão de inflação novamente aumentada
para 9,23% e a queda no PIB alcançando (-) 1,97%. Os analistas mais
reconhecidos, todavia, avaliam estes dados em 9,53% para a inflação e (-) 2%
para o produto, evidenciando que a tendências recessivas se mantém firmes (1).
A pressão sobre os preços se mantém
forte, não há indícios de suavizar a tendência destes meses de junho e julho, e
o consumo de produtos populares apresenta-se muito retraído, porque seus
consumidores estão cuidando muito do dinheiro que recebem, e procuram livrar-se
de saldos devedores em seus cheques especiais e cartões de crédito.
O comportamento do comércio desses
produtos indica uma situação de inflação corretiva, em que a queda no consumo
impõe uma baixa nos preços, a fim de manter as vendas e desovar estoques de
compras anteriores. No setor de vestuário, uma surpreendente onda de calor
encalha as roupas de inverno, sem que haja qualquer perspectiva animadora para
os comerciantes do setor.
Há ainda claros indícios de que a
turbulência política tem péssimos reflexos no comportamento geral da Economia.
Até mesmo o presidente da diretoria do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, aponta
essa situação de crise política como o que realmente mais atrapalha o
desempenho da atividade econômica no país. Ele espera que isso se resolva logo,
para desanuviar o horizonte de negócios.
A Petrobrás apresentou esta semana
seu balanço do segundo trimestre, com um lucro muito baixo, mas os analistas
mais reconhecidos entendem que provisões para pagamento de tributos afetaram o
lucro, o que caracteriza uma situação recorrente, não repetitiva, e que o lucro
da companhia seria bem maior se esta provisão não estivesse presente.
De qualquer forma, o presidente da
companhia lamenta a dimensão da dívida que deve ser paga, atualmente no valor
de R$ 415 bilhões, ou US$ 118 bilhões, considerada hoje a maior dívida
empresarial do mundo, e que a empresa espera resgatar, até o nível operacional
normal, nos próximos cinco anos. Além de tudo, o preço internacional do
barril-referência no mercado de petróleo ronda os US$ 50, enquanto o custo de
extrair e processar petróleo está em US$ 45, o que limita seu resultado.
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(1)
Para mais detalhes sobre estas projeções, consulte nosso blog de 18 de
março deste ano. Tecnicamente, nossa avaliação sobre a inflação chegou a seu
nível, de 10% a.a., e analistas de renome reconheceram, no programa “Fatos e
Versões”, da Globonews, neste fim-de-semana, que níveis de queda do PIB em 2015
ao redor dos (-) 3% já são esperados.
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