GASTOS DE GOVERNO PRECISAM DE
UMA REVOLUÇÃO, COM
FOCO EM PROGRAMAS SOCIAIS
As diversas correntes de
analistas são quase unânimes em afirmar que é preciso revolucionar as contas
públicas no Brasil. E, sem meias palavras, entendem que não é o governo de
Dilma Rousseff que fará essa revolução, porque não tem a menor condição
política para isso.
Falando sério, alguém acha
que Dilma Rousseff pode liderar Congresso e Supremo, mais 27 governadores e
assembleias, 5.570 prefeitos e câmaras municipais, essa tropa toda, com o
objetivo de reduzir seus “gastos de governo”, em benefício da redução das
contas públicas? De mãos atadas ao texto constitucional, o Orçamento que vai
hoje ao Congresso tem 90% de suas despesas em regime de vinculação para áreas
como saúde, educação, previdência e um chorrilho de penduricalhos que apenas dá
margem ao governo de cortar investimentos para cumprir as exigências
orçamentárias.
Logo depois de desistir de
impor um imposto sobre movimentações financeiras, o governo Dilma parece ter
entendido o recado: faça o que tem que fazer sem exigir novos impostos como
esse.
Não há, na praça, o menor
sinal de que isso esteja para acontecer. Ao contrário, cada vez que o
encarregado do cofre pensa nisso, vem alguém e saca mais meio bilhão de reais
para comprar adesão parlamentar, apenas para dar um exemplo de como funcionam
as coisas em Brasília (e se repetem em todo o Brasil).
Os 5.598 governos brasileiros
são 100% responsáveis pela existência de um Custo Brasil, perverso carimbo que
nos coloca na linha de tiro das nações com maior grau de risco do mundo. E,
claro, os governos é que construíram o que se chama atualmente de crise
política – que não tem data para terminar.
Os jornais repetem os
argumentos dos economistas Mansueto Almeida, Marcos Lisboa e Samuel Pessoa, de
que é necessário mexer na estrutura, na hora em que a dívida pública federal
cresce para mais de 70% do PIB – Produto Interno Bruto, enfraquecido neste e
nos próximos dois anos porque o desempenho da Economia é – e deverá ser –
desastroso. Lisboa é enfático ao ponto de fixar que aposentadoria deve ser
concedida a idosos, não a jovens de 52 anos.
As tendências semanais,
medidas na pesquisa Focus do Banco Central, indicam para esta semana uma
confirmação da baixa na tendência do PBI, de (-) 2,06% para (-) 2,26%,
sinalizando que, para muitos dos analistas consultados, baixas de (-) 2,5% a
(-) 3% já são mais que uma cogitação. Quanto à inflação, as tendências parecem
relativamente sossegadas já há duas semanas, fixando-se atualmente em 9,28%,
sem nenhuma promessa de reversão neste terceiro trimestre.
Já o grau de investimento,
agora, é apenas uma ilusão oficial, lastreada em avaliações de agências de
classificação que não espelham a real situação de mercado das nações
emergentes.
A classificação verdadeira,
a que pesa no mercado, é o prêmio de risco (CDS-5), que alcança 360 pontos,
segundo Nathan Blanche, da consultoria Tendências, “mais que o dobro do prêmio
desse grupo de países: México, Chile, Colômbia ou Peru, todos com prêmios
abaixo dos 200 pontos”.
Nathan entende que as
contas públicas são o diferencial mais grave contra a estabilidade cambial
brasileira, mas adiciona que nossas reservas cambiais são excessivas, não
compensando o desequilíbrio fiscal. Usar um pouco delas para abater dívida
seria uma solução mais coerente com a necessidade, reduzindo o risco soberano
do país.
Se é bom fazer isso, é ruim
para coordenar expectativas. Menos reservas não ajudam em tempos de crise, e os
políticos querem que o governo gaste mais, abalando sempre a gestão da economia
do país.
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