sábado, 24 de outubro de 2015




O BURACO É MAIS EMBAIXO

O diagnóstico é de um líder banqueiro: a dívida da Petrobrás (R$ 500 bilhões, ou algo em torno dos US$ 130 bilhões) não cabe na capacidade de financiamento dos bancos nacionais, e só o mercado mundial será capaz de financiá-la para sair do atoleiro financeiro em que se meteu.
Este valor se aproxima do pesado custo anual da DPF (Dívida Pública Federal), hoje orçada em R$ 484 bilhões, que leva a economia brasileira a prever um desequilíbrio fiscal em 2015 na casa dos R$ 100 bilhões, valor recentemente divulgado pelo ministro da Casa Civil (por quê não pelo ministro da Fazenda?), depois corrigido pelo TCU, que exige pronto pagamento das pedaladas fiscais do governo Dilma Rousseff.
Enfrentar o custo do governo central no pagamento das despesas públicas – até agora tão exageradas quanto antes - é a tarefa que o Poder executivo precisará exigir do Congresso Nacional nos próximos dias. Caberá aos parlamentares encarar a realidade, e modificar urgentemente a Constituição Federal de 1988, a fim de capacitar o governo a se encolher até chegar ao tamanho do Brasil.
Eles precisarão reconhecer que “há hoje na economia brasileira dois grandes problemas. No curto prazo, a despesa do governo central continua crescendo acima da sua receita, o que significa que o resultado continua deficitário. A meta de 2% do PIB de superávit primário até 2018 exigirá que o setor público arrecade R$ 200 bilhões a mais do que arrecadou em 2014”. (Mansueto de Almeida)
E o economista continua: “...as cinco funções que respondem por quase três quartos de toda despesa não financeira do governo central, federal, são funções tipicamente sociais: assistência social (Loas/BPC [1] e Bolsa Família), previdência, saúde, trabalho e educação.
·        Se em vez da despesa total (pessoal, custeio e investimento), olharmos apenas para despesas de custeio, essas cinco funções responderam por 85,3% da despesa de custeio do governo central em 2014.
·        Quase todo o gasto com essas cinco funções está sujeito a regras e, assim, o crescimento da despesa segue o crescimento do PIB nominal e/ou crescimento da receita, independentemente de um crescimento do PIB de 2% ou de 5% ao ano.
·        Assim, sem modificar as regras de vinculação dessas despesas sociais, não há como controlar o crescimento da despesa do governo central e do setor público consolidado ao longo dos anos.
·        Essa estrutura da despesa do governo central dificulta qualquer esforço de ajuste fiscal rápido e cria uma dinâmica de crescimento automático da despesa difícil de ser revertida em períodos de desaceleração do crescimento”.
Espera-se que o Congresso, contaminado por um baixo clero que parece incapaz de entender a gravidade da situação, trabalhe direito e entenda que está em jogo muito mais do que os seus mandatos.

ANTECIPANDO A TENDÊNCIA
Nossa visão de mercado, em postagem com participação decisiva do dr. Uriel de Magalhães, antecipada desde final de março último, já apresentava indicadores que, na prática, se igualam aos deste mês de outubro:






[1] Benefício da Prestação Continuada da Lei Orgânica da Assistência Social (BPC/LOAS), garantia de um salário mínimo mensal ao idoso acima de 65 anos ou ao cidadão com deficiência física, mental, intelectual ou sensorial de longo prazo, que o impossibilite de participar de forma plena e efetiva na sociedade, em igualdade de condições com as demais pessoas.

sábado, 17 de outubro de 2015





AS DOMINÂNCIAS TUPINIQUINS

Ao passar pelo Brasil, a Fitch Ratings encontrou os escombros do desastre fiscal dos governos da presidente Dilma Rousseff, classificou o rate do país no limite do investment grade, e fincou uma placa de “Negative” na classificação, como o aviso de que a qualquer momento pode rever seus critérios, e rebaixar-nos para o grau especulativo.
Pasmo com seu próprio descaso, o povo brasileiro assiste a essa pantomina: um esvaziado ministro Joaquim Levy não tem apoio do governo Dilma, mas vai ao Congresso pedir apoio da oposição às medidas de correção do desajuste fiscal do governo Dilma. É uma situação bem definida pelo conselheiro do Banco Mundial Otaviano Canuto: “estamos prisioneiros do imbróglio político", que enfatiza que é preciso que o plano fiscal do governo seja posto em ação para evitar que as agências de rating revejam para pior suas classificações atuais, fazendo o país entrar na indesejável situação de ter seus títulos carimbados como especulativos.
Economistas alertam que a regulagem dos mercados via taxa de juros está no limite de sua aplicabilidade, o que caracterizaria uma dominância fiscal, situação em que aumentos no nível de juros não controlam mais a inflação.
Enquanto isso, a presidente Dilma Rousseff embarca para uma viagem à Escandinávia, e abandona o país a uma situação insuportável, em que o governo se acomoda exigindo a recriação da CPMF – no que muitos economistas concordam que é um mal necessário – enquanto outros admitem que até o caos econômico é melhor, porque dele pode advir um debate sério em relação aos gastos de governo, ao passo que o imposto só ajudaria a perpetuar a crise vigente. Ao mesmo tempo, o impeachment dela virou moeda de troca. Quem diria? Até Lula movendo mundos e fundos para salvar Eduardo Cunha! É um caso típico de dominância política, situação em que o país não está mais sendo governado.
Uma terceira via, levantada pela economista Monica de Bolle, propõe a suspensão temporária da política econômica de metas de inflação e a adoção – também temporária – de uma política de bandas cambiais (já tivemos um período assim). Seria o abandono da dominância fiscal. Não teve muitos aplausos, mas o assunto entrou na pauta dos economistas, para exame.
Receoso mas não revoltado, o povo quer mudanças na sua vida econômica, mas não sabe quais, e não conta com seus representantes políticos ao lado. O comportamento dos brasileiros consumidores é orientado por uma cadeia da crise, em que a economia faz seu ajuste automático, independentemente do "ajuste" do Levy -- do qual o Lula tanto se queixa. 
Caem as atividades, cai o emprego, caem os salários, caem as vendas, cai a economia toda. Isso tudo significa que o impulso da inflação poderá até ser contido, mas deixa o país em má situação. Que pode agravar-se novamente em curto espaço de tempo, porque os indicadores não são favoráveis. 

ANTECIPANDO A TENDÊNCIA
Nossa visão de mercado, em post com participação decisiva do dr. Uriel de Magalhães, antecipada desde final de março último, já apresentava indicadores que, na prática, se igualam aos deste mês de outubro:



terça-feira, 13 de outubro de 2015




Sequência perversa dos
números da Economia
Em entrevista à imprensa, o presidente do Banco Central do Brasil foi taxativo e categórico: “estamos vendo níveis anormais de incerteza e não sabemos se esses níveis vão persistir”. Por isso, adiantou, “o Banco Central não reagirá a movimentos de curto prazo”.
Iniciada mais uma semana, 120 analistas de mercado (uma inflação de profissionais: normalmente eram apenas 100...) alimentam essa visão pessimista, ao projetar uma retração no PIB para o nível de (-) 2,97%, e de 9,7% para a inflação anualizada, uma série continuada de avaliações negativas do desempenho da Economia em 2015.
Ao mesmo tempo, as prévias para outubro dos principais indicadores econômicos são preocupantes e desconfortáveis, eis que apresentam o recrudescimento da evolução negativa da inflação e da recessão, conforme mostram os gráficos a seguir:
Acompanhando essa série, o nível da produção industrial encolhe 7% (era de 6,55% a uma semana), enquanto dados do mercado de trabalho mostram que as negociações salariais de 111 categorias profissionais apontam para um achatamento nos aumentos, que não ultrapassam os níveis de inflação nos períodos considerados. Em quase 20% dos lares do país, nenhum morador tem emprego, segundo estudo divulgado no último domingo. Alguns estados têm essas médias em valores bem superiores.
A cotação do dólar continua sendo precificada a partir de expectativas na decisão do FED dos EUA sobre o adiamento do aumento da taxa de juros, porque EUA precisam aumentar sua inflação até nível de 2%. Eles não querem deflação, porque ambiente deflacionário significa adiar compras, reduzindo padrões de consumo. Esta condição, aliada aos níveis de risco político sistêmico observado no Brasil, resultou em recuo nas cotações esta semana, sem que se possa confirmar essa tendência nos próximos dias.
Nossa visão de mercado, em post com participação decisiva do dr. Uriel de Magalhães, antecipada desde final de março último, já apresentava indicadores que, na prática, se igualam aos deste começo de outubro:

segunda-feira, 5 de outubro de 2015





Armadilha política
põe Futuro em risco


NOTA: este Panorama Financeiro se sente na obrigação de deter-se numa avaliação das crises ética e política que ameaçam a sociedade, ao mesmo tempo que reconhece que os indicadores pelos quais estrutura suas análises sofrem interferências que comprometem uma avaliação mais segura das projeções sobre a atividade econômica e financeira nos próximos meses.
Essas interferências decorrem de iniciativas do governo federal, que tornam a expectativa para o futuro uma balbúrdia, levando o risco Brasil à sua situação mais crítica.

Esta semana Lula assumiu a chefia do país por interposta pessoa, a quem já havia outorgado um mandato sem representação, a que Dilma Rousseff apenas empresta o nome.
Mas Lula assumiu o quê? O que esperar desse ministério desqualificado que ele apresenta ao país? Ou desse Congresso presidido por dois indiciados em fatos criminosos? Ou desse tribunal constitucional que parece querer livrar a cara dos amigos do rei? Espera que essa gente encaminhe uma Grande Reforma? Que revolucione a gestão pública em benefício da sociedade?
O que Lula pretende neste país de nível de confiança seriamente abalado, com indicadores econômicos destroçados, com indicadores sociais a perigo?
É simples, e desastroso: Lula pretende apenas defender seu projeto de poder, apesar de este projeto estar completamente minado pela incúria, pela desídia e por uma série que parece interminável de delitos comuns do colarinho branco, que envolveram – e envolvem ainda – valores acima de qualquer avaliação.
Se vai dar certo com ele, apenas o tempo dirá. O povo está ao relento, abandonado à sua própria sorte.

CRISE QUE MEXE COM A GENTE
Aprisionada numa armadilha política a três meses do fim do primeiro ano do seu segundo e último mandato, Dilma Rousseff expõe aos brasileiros os números que tornam as suas vidas cada vez mais arriscadas, mais difícil de ser vividas, mais inseguras quanto ao futuro.
Os números são realmente inquietantes[1]:
·        A inflação fura o teto dos 10% anuais, em direção a números ainda maiores;
·        O PIB fura o piso dos 3% negativos, em direção a números ainda piores;
·        O dólar sobe pelas paredes, bate nos R$ 4,00, devido ao aumento do risco;
·        O emprego fecha as portas para 8,6 milhões de pessoas;
·        A Selic diz que fica onde está (14,25%)... a não ser que não fique;
·        A produção industrial desaba 9% em relação a agosto de 2014.



[1] Em nossa postagem de 29 de março deste ano já antecipávamos, em trabalho conjunto com o economista dr. Uriel de Magalhães, que a inflação brasileira rumava para os níveis de 10% a 12% em 2015, e o PIB perderia entre 3% e 4% de seu valor. Infelizmente essas avaliações se confirmam agora.