A “DISRUPTURA” DO DÓLAR
NÃO AJUDA MUITO
Os riscos e as incertezas, as
ameaças de derrama (CPMF), os pesados danos à Economia e o que o ministro
Joaquim Levy chama de ambiguidade fiscal
respondem por apenas uma parte dessa inquietante turbulência financeira que
resulta no disparar da inflação e no subir das cotações do dólar volátil no
mercado brasileiro.
Do outro lado surgem os efeitos
positivos da desvalorização, que impactam o fluxo das nossas exportações e
remuneram melhor nosso turismo, nos últimos meses de 2015 e até o meio de 2016.
Estes efeitos poderão, de uma maneira ainda não quantificável, modificar o
crescimento do PIB real, se os mercados conseguirem se equilibrar vendendo no
Exterior aquilo que o consumidor brasileiro não tem como comprar, porque ficou mais
pobre.
Ausente por algum tempo do mercado
real, limitado a operações de swap
cambial para tentar acalmar os mercados, o Banco Central calçou as luvas de
boxe e avisou que vai à luta, com a poderosa arma da nossa poupança em dólar,
que são as reservas internacionais de US$ 370 bilhões, ou mais de um trilhão e
meio de reais.
Desde logo, analistas se perguntam
se vale à pena abrir mão de parte dessa poupança. Ela se formou com recursos da
venda de títulos públicos no mercado interno, o que significa que custam ao
Tesouro Nacional 14,25% anuais em reais, enquanto rendem menos de 2% em dólar.
Por isso são contabilizadas como desconto na DPF (Dívida Pública Federal)
bruta.
Enquanto o Brasil vive o pior dos
mundos, recessão com inflação, o dólar se valoriza em relação a quase todas as
moedas. Realmente os americanos não estão ajudando.
No mercado de risco real, a
perda do grau de investimento já está carimbada, ao se acompanhar as
negociações com o CDS-5 (Credit Default
Swap 5 years), onde a cotação dos títulos brasileiros sofre forte aumento, completamente
desgarrado das cotações dos demais países emergentes, como mostra o gráfico.
Aqui e no resto do mundo financeiro,
algumas certezas se acumulam:
·
Há pelo menos uma ameaça de desclassificação do Brasil no grau de
investimento, na agência Fitch. Já na Moody’s a expectativa é mais tranquila,
aguardando o desfecho da crise;
·
Não há espaço para mais imposto, nem para menos gastos, sem mexer na
constituição. Quanto ao renascimento da CPMF o esforço do governo será provavelmente contestado no Congresso, com escassas chances de aprovação;
·
A situação só não está pior porque a recessão segura a alta de preços,
ajudando a controlar a inflação;
·
Quem vai tirar Dilma é o mercado, não o tribunal. Com ela, não tem cara de
melhorar.
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