SE JOAQUIM LEVY COBRAR CARO,
CAPITAL QUE FUGIU NÃO
VOLTA
O que você prefere: um túnel sem
fundo ou uma luz no fim do poço? O Brasil parou de piorar, ou não para de
piorar? O governo vai cortar na carne, ou acabou a carne?
Os discursos de eventos da
presidente Dilma Rousseff valem alguma coisa, ou ela está apenas confundindo
suas plateias enquanto joga a toalha do seu estranho mandato?
O ministro Joaquim Levy entende que
o pior já passou e que o começo de uma estruturação já é uma realidade. Mas seu reforço de caixa este ano depende de
receitas fora do contexto orçamentário, onde aparece, como uma fantasia, fora
da realidade, o repatriamento de recursos evadidos do Brasil por causa dos maus
governos.
Se ele pretende que esse reforço
represente cerca de 11 bilhões de reais cobrados pela Receita Federal, como
resultado de uma multa mais juros de 35% do valor repatriado, é porque ele
espera que pelo menos uns 32 a 35 bilhões aplicados em outros países retornem
mansamente ao Brasil, com seus proprietários dispostos a romper o sigilo das
suas aplicações e ao pagamento dessa multa.
Será que a riqueza evadida voltará
ao Brasil, com essa taxa toda? Melhor ele faria se copiasse o que outros países
fazem para estimular o retorno, que é uma taxação quase que simbólica, sempre
inferior a 10% do valor repatriado.
O PASSADO ENSINA
Muitos anos atrás, quando se buscou
repatriar a dinheirama que fugiu do país por causa das ameaças políticas e
econômicas dos governos de Jânio Quadros e de João Goulart, o que se fez foi
oferecer uma anistia financeira, compensando o governo não com um imposto, mas
com uma aplicação financeira aqui no Brasil, em ORTN - Obrigações Reajustáveis
do Tesouro Nacional.
Esses títulos surgiram no mercado no
começo do mandato do general Castelo Branco, como resultado da lei que
implantava a correção monetária dos débitos fiscais. Até então, oferecia-se no
Brasil apenas uma Obrigação do Reaparelhamento Econômico, totalmente desprezada
pelo mercado.
A nova ORTN também não tinha grandes
atrativos, apesar de o seu valor ser corrigido trimestralmente. Será que seria
mesmo? Um ano e quatro correções trimestrais depois, o mercado se convenceu: a
tal correção monetária corrigia mesmo o valor da moeda.
Foi quando se acenou com o
repatriamento do dinheiro fugido, sem punições, desde que aplicado exatamente
nas ORs, com a exigência de que fossem títulos resgatáveis em 10 anos.
O volume de aplicações aumentou
exponencialmente, e deu origem, mais ou menos um ano depois, a operações com
carta de recompra, que resultaram na criação do mercado de open market no Brasil.
Hoje, com os títulos públicos
federais superando um estoque de R$ 2,5 trilhões, repatriar as evasões com
emissões especiais desses títulos, de prazo longo, seria uma solução mais
acolhedora do que multar o que decidisse voltar.
Porque, a 35% de multa, o capital
continua lá fora.
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