segunda-feira, 20 de julho de 2015





A INQUIETANTE ECONOMIA BRASILEIRA 
ESTÁ EM JULGAMENTO PELA AGÊNCIA MOODY’S

Esperar que a correção dos desajustes fiscais do último governo Dilma resolva as grandes questões econômicas brasileiras fica sempre mais difícil, porque já há uma consciência entre os analistas: este ano está perdido, 2016 é um ano de UTI, 2017 é doente no quarto em convalescença, que talvez dê alta e volte à atividade plena em 2018.
O peso da política é enorme, quase decisivo, no trabalho de avaliação que está sendo processado pela agência de classificação de risco Moody’s, cujos analistas passaram a semana passada capturando os indícios de qualidade da economia brasileira.
Conseguir manter o grau de investimento será uma vitória, porque as perspectivas não são boas, e o ministro Joaquim Levy reconhece que é fundamental ficar entre os países com investment grade.
Mas economistas de todos os credos lastimam a situação em que se encontra a Economia. Mais que isso, lamentam a forma como a administração pública trata uma situação em que a renda nacional está sendo, sempre, menor que os encargos de governo. Estimativas apontam um crescimento de 103% na renda nacional, que deve ser comparado com a alta de mais de 185% nas receitas tributárias do país.
As contas públicas, totalmente contaminadas pela inflação elevada [1], o altíssimo custo da dívida pública (rondando a casa dos R$ 400 bilhões) e a ausência de reformas na estrutura da sociedade, precisam de rigor no controle, para evitar uma situação insustentável.

O FOCO DAS ATENÇÕES
A situação não é nova. As tais pedaladas fiscais são, relativamente, um peso suportável agindo sobre a Economia. O exame mais correto mandaria iniciar as avaliações lá em 1994, quando se interrompeu o período de falta de moeda, com a criação do real. 
Economistas detém-se, a partir daí, na concessão de benefícios, nas atividades de saúde e de educação, fatores de aumento nos impostos, os quais encarecem toda a atividade produtiva.
Desde então, o custo dos impostos na vida dos brasileiros dobrou, em relação à sua renda. O governo apropriou-se deste excesso para financiar-se, preferindo gastar o excedente em programas sociais, com destaque para a aposentadoria, sem que obtivesse, nesses anos todos, resultados equivalentes aos gastos efetuados.
O recuo de 2,5% no PIB já é reconhecido pelo Grupo de Conjuntura do Instituto de Economia da UFRJ [2]. Saúde e educação ganharam muito pouco nesses 21 anos, não estão sendo entregues com melhoria de nível em relação a vinte anos atrás.
Muito embora tenha criado o fator previdenciário, as idades médias de aposentadoria continuam inferiores a 55 anos, e o sistema 85/95, atualmente em discussão, apenas atenua as tensões que o Poder Executivo tem nas suas relações com o Congresso.
A inépcia do governo em criar riquezas empobreceu a estrutura de produção do país, desacelerou a atividade econômica, e nos levou a uma situação de penúria.
Certas despesas do orçamento familiar impõem agora uma contração no consumo, enquanto o governo tem poucas condições de participar do aumento da taxa de investimento.

O MODELO ECONÔMICO
A maioria dos economistas que têm externado suas avaliações mostra que o Brasil precisa corrigir o erro de modelo econômico equivocado orientado pelo PT, voltado para o consumo, via valorização do salário e expansão do crédito. Brasil precisa de aumento da demanda, mas o empresário não parece disposto a corresponder com o aumento da oferta, que exigiria sua participação em fazer crescer a taxa de investimento, onde a performance brasileira é historicamente muito fraca, porque o governo investe muito pouco naquilo que é sua obrigação, que são os programas de infraestrutura.
Alguns demoram-se em comparar as situações em que vivem países ricos e países pobres em relação ao estado de bem-estar da sociedade. A dosagem de bem-estar do país pobre não pode ser tão boa quanto a do país rico, porque o bem-estar da sociedade custa caro, e está encarecendo mais ainda, com o aumento da longevidade dos aposentados e pensionistas, assegurada por melhorias substanciais nos cuidados com a sua saúde, através de novos equipamentos e procedimentos de alto custo.







[1] Atingindo agora o nível de 9,15%, aproximando-se de nossa expectativa anunciada em post de 18 de março, que estimava uma inflação de 10%, podendo descontrolar-se até atingir algo como 12% em um ano.
[2] Nossas expectativas, anunciadas num post do dia 18 de março, levam essa expectativa ao nível de -3%, podendo descontrolar-se até o nível de 4% negativos

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