A INQUIETANTE ECONOMIA
BRASILEIRA
ESTÁ EM JULGAMENTO PELA AGÊNCIA MOODY’S
Esperar que a correção dos
desajustes fiscais do último governo Dilma resolva as grandes questões
econômicas brasileiras fica sempre mais difícil, porque já há uma consciência
entre os analistas: este ano está perdido, 2016 é um ano de UTI, 2017 é doente
no quarto em convalescença, que talvez dê alta e volte à atividade plena em
2018.
O peso da política é enorme, quase
decisivo, no trabalho de avaliação que está sendo processado pela agência de
classificação de risco Moody’s, cujos analistas passaram a semana passada
capturando os indícios de qualidade da economia brasileira.
Conseguir manter o grau de
investimento será uma vitória, porque as perspectivas não são boas, e o
ministro Joaquim Levy reconhece que é fundamental ficar entre os países com investment grade.
Mas economistas de todos os credos
lastimam a situação em que se encontra a Economia. Mais que isso, lamentam a
forma como a administração pública trata uma situação em que a renda nacional
está sendo, sempre, menor que os encargos de governo. Estimativas apontam um crescimento de 103% na renda nacional, que deve ser comparado com a alta de mais de 185% nas receitas tributárias do país.
As contas públicas, totalmente
contaminadas pela inflação elevada [1],
o altíssimo custo da dívida pública (rondando a casa dos R$ 400 bilhões) e a
ausência de reformas na estrutura da sociedade, precisam de rigor no controle,
para evitar uma situação insustentável.
O FOCO DAS ATENÇÕES
A situação não é nova. As tais
pedaladas fiscais são, relativamente, um peso suportável agindo sobre a Economia.
O exame mais correto mandaria iniciar as avaliações lá em 1994, quando se
interrompeu o período de falta de moeda, com a criação do real.
Economistas
detém-se, a partir daí, na concessão de benefícios, nas atividades de saúde e
de educação, fatores de aumento nos impostos, os quais encarecem toda a
atividade produtiva.
Desde então, o custo dos impostos na
vida dos brasileiros dobrou, em relação à sua renda. O governo apropriou-se
deste excesso para financiar-se, preferindo gastar o excedente em programas
sociais, com destaque para a aposentadoria, sem que obtivesse, nesses anos
todos, resultados equivalentes aos gastos efetuados.
O recuo de 2,5% no PIB já é
reconhecido pelo Grupo de Conjuntura do Instituto de Economia da UFRJ [2].
Saúde e educação ganharam muito pouco nesses 21 anos, não estão sendo entregues
com melhoria de nível em relação a vinte anos atrás.
Muito embora tenha criado o fator
previdenciário, as idades médias de aposentadoria continuam inferiores a 55
anos, e o sistema 85/95, atualmente em discussão, apenas atenua as tensões que
o Poder Executivo tem nas suas relações com o Congresso.
A inépcia do governo em criar
riquezas empobreceu a estrutura de produção do país, desacelerou a atividade
econômica, e nos levou a uma situação de penúria.
Certas despesas do orçamento
familiar impõem agora uma contração no consumo, enquanto o governo tem poucas
condições de participar do aumento da taxa de investimento.
O MODELO ECONÔMICO
A maioria dos economistas que têm
externado suas avaliações mostra que o Brasil precisa corrigir o erro de modelo
econômico equivocado orientado pelo PT, voltado para o consumo, via valorização
do salário e expansão do crédito. Brasil precisa de aumento da demanda, mas o
empresário não parece disposto a corresponder com o aumento da oferta, que
exigiria sua participação em fazer crescer a taxa de investimento, onde a performance brasileira é historicamente
muito fraca, porque o governo investe muito pouco naquilo que é sua obrigação,
que são os programas de infraestrutura.
Alguns demoram-se em comparar as
situações em que vivem países ricos e países pobres em relação ao estado de
bem-estar da sociedade. A dosagem de bem-estar do país pobre não pode ser tão
boa quanto a do país rico, porque o bem-estar da sociedade custa caro, e está
encarecendo mais ainda, com o aumento da longevidade dos aposentados e
pensionistas, assegurada por melhorias substanciais nos cuidados com a sua
saúde, através de novos equipamentos e procedimentos de alto custo.
[1] Atingindo agora o
nível de 9,15%, aproximando-se de nossa expectativa anunciada em post de 18 de
março, que estimava uma inflação de 10%, podendo descontrolar-se até atingir
algo como 12% em um ano.
[2] Nossas expectativas,
anunciadas num post do dia 18 de março, levam essa expectativa ao nível de -3%,
podendo descontrolar-se até o nível de 4% negativos
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