segunda-feira, 13 de julho de 2015




A SELIC NÃO
ESTÁ EXAGERADA?

Com a equipe da agência Moody’s mostrando seus passaportes à Polícia Federal num terminal de aeroporto brasileiro nesta semana, o grau de investimento do Brasil reclina, adoentado, na maca de exames, com a esperança tênue de que os doutores americanos mantenham um diagnóstico de liquidez nas nossas contas, e não nos carimbem como “especulativos”, o que faria nossa Economia sofrer mais uma trombada – agora com efeitos maléficos generalizados, em especial sobre a correção dos desajustes fiscais do último governo Dilma.
Enquanto eles realizam o exame, a crise política brasileira se deteriora como perecível exposto ao sol, na avaliação quase unânime de que Dilma perdeu a capacidade de governar.
Dirigimos o foco para a área de política econômica, na hora em que o Banco Central expede um boletim Focus que aumenta para 9,12% a expectativa de inflação dos últimos 12 meses, mantém a avaliação do PIB em (-) 1,5%, e a taxa Selic em 13,75%, com sérias possibilidades de aumentá-la pelo menos mais duas vezes, nas quatro sessões de Copom que ainda tem este ano.


SELIC É ALVO DE CRÍTICAS
Para analistas, o COPOM exagera ao combater a inflação com elevações muito grandes na taxa Selic. Mesmo com a taxa de inflação anualizada em 9,12% (desta última semana), ou 6,17% apenas no primeiro semestre de 2015, o valor atual e a expectativa de crescimento até chegar junto dos 15% anuais representam uma dose exagerada, com o juro comprometendo o comportamento da Economia como um todo.
Na visão do economista Luis Eduardo de Assis, que foi diretor de Política Monetária do Bacen e professor da PUC e da FGV de São Paulo, esse exagero pode ser sintetizado nos itens a seguir:
1.   Selic exagerada solapa o ajuste fiscal;
a.   Juros pagos pelo governo em maio equivale a toda a arrecadação do IR, ou R$ 350 bilhões;
b.   Custo mensal do juro maior que um ano do programa Bolsa Família;
c.   Provoca queda na arrecadação e inviabiliza a meta fisical.
2.   Selic exagerada aumenta risco de rebaixamento pelas agências de classificação de risco;
a.   Elevam a relação dívida/PIB, com DPF chegando a R$ 3,5 trilhões, que hoje é 75% maior do que a que Dilma recebeu de Lula;
b.   Cresceu R$ 642 bilhões em um ano, referência maio;
c.   Equivale a todo o aumento da DPF do segundo mandato de Lula;
3.   Selic exagerada devasta a distribuição de renda:
a.   A receita financeira para os rentistas é absurdamente generosa, por causa do prêmio de risco calculado pela diferença entre o juro nominal e a taxa de inflação;
4.   Selic exagerada é um juro sádico que não pode ter lugar em tempos de crise política cujos resultados são inimagináveis;
a.   Banco Central não pode ignorar o que está acontecendo;
b.   Juro alto restringe o raio de manobra do ministro Levy;

c.   Estimula o Congresso a aprovar medidas populistas pretensamente compensatórias.

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