A SELIC NÃO
ESTÁ EXAGERADA?
Com a equipe da
agência Moody’s mostrando seus passaportes à Polícia Federal num terminal de
aeroporto brasileiro nesta semana, o grau de investimento do Brasil reclina,
adoentado, na maca de exames, com a esperança tênue de que os doutores
americanos mantenham um diagnóstico de liquidez nas nossas contas, e não nos
carimbem como “especulativos”, o que faria nossa Economia sofrer mais uma
trombada – agora com efeitos maléficos generalizados, em especial sobre a
correção dos desajustes fiscais do último governo Dilma.
Enquanto eles
realizam o exame, a crise política brasileira se deteriora como perecível
exposto ao sol, na avaliação quase unânime de que Dilma perdeu a capacidade de
governar.
Dirigimos o foco
para a área de política econômica, na hora em que o Banco Central expede um
boletim Focus que aumenta para 9,12% a expectativa de inflação dos últimos 12
meses, mantém a avaliação do PIB em (-) 1,5%, e a taxa Selic em 13,75%, com
sérias possibilidades de aumentá-la pelo menos mais duas vezes, nas quatro
sessões de Copom que ainda tem este ano.
SELIC É ALVO DE
CRÍTICAS
Para analistas, o
COPOM exagera ao combater a inflação com elevações muito grandes na taxa
Selic. Mesmo com a taxa de inflação anualizada em 9,12% (desta última semana),
ou 6,17% apenas no primeiro semestre de 2015, o valor atual e a expectativa de
crescimento até chegar junto dos 15% anuais representam uma dose exagerada, com
o juro comprometendo o comportamento da Economia como um todo.
Na visão do
economista Luis Eduardo de Assis, que foi diretor de Política Monetária do
Bacen e professor da PUC e da FGV de São Paulo, esse exagero pode ser sintetizado
nos itens a seguir:
1.
Selic exagerada solapa o ajuste fiscal;
a.
Juros pagos pelo governo em maio equivale a toda a arrecadação do
IR, ou R$ 350 bilhões;
b.
Custo mensal do juro maior que um ano do programa Bolsa Família;
c.
Provoca queda na arrecadação e inviabiliza a meta fisical.
2.
Selic exagerada aumenta risco de rebaixamento pelas agências de
classificação de risco;
a.
Elevam a relação dívida/PIB, com DPF chegando a R$ 3,5 trilhões, que
hoje é 75% maior do que a que Dilma recebeu de Lula;
b.
Cresceu R$ 642 bilhões em um ano, referência maio;
c.
Equivale a todo o aumento da DPF do segundo mandato de Lula;
3.
Selic exagerada devasta a distribuição de renda:
a.
A receita financeira para os rentistas é absurdamente generosa, por
causa do prêmio de risco calculado pela diferença entre o juro nominal e a taxa
de inflação;
4.
Selic exagerada é um juro sádico que não pode ter lugar em tempos
de crise política cujos resultados são inimagináveis;
a.
Banco Central não pode ignorar o que está acontecendo;
b.
Juro alto restringe o raio de manobra do ministro Levy;
c.
Estimula o Congresso a aprovar medidas populistas pretensamente
compensatórias.
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