domingo, 27 de setembro de 2015




A “DISRUPTURA” DO DÓLAR
NÃO AJUDA MUITO

Os riscos e as incertezas, as ameaças de derrama (CPMF), os pesados danos à Economia e o que o ministro Joaquim Levy chama de ambiguidade fiscal respondem por apenas uma parte dessa inquietante turbulência financeira que resulta no disparar da inflação e no subir das cotações do dólar volátil no mercado brasileiro.
Do outro lado surgem os efeitos positivos da desvalorização, que impactam o fluxo das nossas exportações e remuneram melhor nosso turismo, nos últimos meses de 2015 e até o meio de 2016. 
Estes efeitos poderão, de uma maneira ainda não quantificável, modificar o crescimento do PIB real, se os mercados conseguirem se equilibrar vendendo no Exterior aquilo que o consumidor brasileiro não tem como comprar, porque ficou mais pobre.
Ausente por algum tempo do mercado real, limitado a operações de swap cambial para tentar acalmar os mercados, o Banco Central calçou as luvas de boxe e avisou que vai à luta, com a poderosa arma da nossa poupança em dólar, que são as reservas internacionais de US$ 370 bilhões, ou mais de um trilhão e meio de reais.
Desde logo, analistas se perguntam se vale à pena abrir mão de parte dessa poupança. Ela se formou com recursos da venda de títulos públicos no mercado interno, o que significa que custam ao Tesouro Nacional 14,25% anuais em reais, enquanto rendem menos de 2% em dólar. Por isso são contabilizadas como desconto na DPF (Dívida Pública Federal) bruta.
Enquanto o Brasil vive o pior dos mundos, recessão com inflação, o dólar se valoriza em relação a quase todas as moedas. Realmente os americanos não estão ajudando. 
No mercado de risco real, a perda do grau de investimento já está carimbada, ao se acompanhar as negociações com o CDS-5 (Credit Default Swap 5 years), onde a cotação dos títulos brasileiros sofre forte aumento, completamente desgarrado das cotações dos demais países emergentes, como mostra o gráfico.
Aqui e no resto do mundo financeiro, algumas certezas se acumulam:
·        Há pelo menos uma ameaça de desclassificação do Brasil no grau de investimento, na agência Fitch. Já na Moody’s a expectativa é mais tranquila, aguardando o desfecho da crise;
·        Não há espaço para mais imposto, nem para menos gastos, sem mexer na constituição. Quanto ao renascimento da CPMF o esforço do governo será provavelmente contestado no Congresso, com escassas chances de aprovação;
·        A situação só não está pior porque a recessão segura a alta de preços, ajudando a controlar a inflação;
·        Quem vai tirar Dilma é o mercado, não o tribunal. Com ela, não tem cara de melhorar.








domingo, 20 de setembro de 2015




PLANEJAR?
O QUÊ? COMO?
O executivo empresarial encarregado de coordenar o planejamento estratégico de uma empresa avalia as informações e análises à sua disposição, e pensa como enquadrará sua empresa no cenário que se apresenta no Brasil, onde ele buscará maximizar os lucros e conter os custos dos negócios na empresa onde trabalha.
O cenário desenha-se, nestes dias, da seguinte forma:
1.   O buraco fiscal que contamina toda a Economia chega este ano aos (-) 3% do PIB, e sua evolução é dramática, pode manter a tendência e atingir o nível de (-) 2,1% do PIB em 2016;
2.   Observa-se a tendência de queda contínua no PIB per capita, mais forte nos últimos cinco anos, em direção a uma perda de mais de 7,5%;
3.   A DPF (Dívida Pública Federal) cresceu como bola de neve, chega aos R$ 2,6 trilhões, e os juros deverão custar entre R$ 450 e R$ 480 bilhões, criando uma situação de dominância fiscal que eleva o custo do dinheiro a níveis insuportáveis, além de descontrolar a área cambial;
4.   Suas principais decisões de investimento podem se inviabilizar, já que ele não tem parâmetros para fixar sua taxa interna de retorno;
5.   Parece claro que os investimentos produtivos não se recuperam quando há um clima de insegurança, e projetos de cinco ou dez anos tornam-se muito arriscados;
6.   Não há como planejar a partir da matriz econômica existente, criada pelos economistas do governo, porque ela fracassou, e não se aponta uma nova alternativa no governo, que permanece calado e evita debater alternativas para corrigir os desajustes fiscais;
7.   Se ele depender de produtos de petróleo e de energia, terá problemas, porque as políticas microeconômicas dessas áreas também fracassaram;
8.   A correção dos desajustes fiscais precisa ser feita, a empresa precisa reconhecer que ela vai gerar sacrifícios, e condições políticas podem redundar em mais problemas;
9.   Pesquisas internas deixam claro que uma mudança de governo pode desanuviar o clima empresarial, mas também pode gerar reações incontroláveis em determinadas áreas sociais;
10.            É insustentável a forma como a autoridade de uma junta orçamentária informal, reunida ao pé da presidente da República, toma e cancela decisões sobre programas de cortes nas despesas públicas, muitas das quais sequer foram empenhadas.
Este cenário desequilibrado exige cuidados especiais para a formulação dos objetivos da empresa para os anos à frente, mesmo que esteja claro que medidas ortodoxas devem compor todo o planejamento das empresas para 2016.
Redução rigorosa em todos os custos, esforços no sentido de aumento e racionalização da produtividade, redução no pessoal ao estritamente necessário, negociações realistas com sindicatos, políticas de marketing coerentes com a expectativa de demanda futura, suspensão de fabricação de produtos de baixa margem de retorno, revisão nas linhas de distribuição, revisão dos prazos médios de recebimentos de vendas versus prazos médios de pagamentos de compras, remanejamento de filiais em função da expectativa de lucro, são itens que devem ser avaliados.
Quando for o caso, cobrir-se de variações cambiais e na taxa de juros mediante mecanismos de hedge, reduzir ao mínimo as necessidades de financiamento operacional, rever contratos com terceirizados, fornecedores, transportadores, tudo isso vai compor o trabalho desses executivos, visando a evitar desperdícios financeiros.
Para ajudá-lo a visualizar graficamente os desequilíbrios dos últimos doze meses, apresentamos a seguir os gráficos do IGP-M e do IPCA, mensal e anualizado. 

Se você quiser aprofundar-se nestas questões, sugerimos acessar o link a seguir, que contém as opiniões mais recentes dos economistas Gustavo Franco, Armínio Fraga, Mansueto Almeida Jr. E Samuel Pessoa, além do senador José Serra.




segunda-feira, 14 de setembro de 2015





PRECISA LUTAR MUITO PARA
PERSEGUIR RESULTADOS

Como voltar ao BBB-?
E evitar perder o outro BBB- e o Baa3?
A primeira regra diz: não confunda agência internacional de classificação de riscos com Serasa e SPC. Não adianta apenas pagar o que deve para limpar o nome.
A solução é muito demorada – pelo menos um analista de renome entende que pode levar 10 anos - e passa, desde logo, pela formação de um "governo de guerra", com forte apoio nos Poderes Legislativo e Judiciário.
Em seguida, é essencial fazer um corte na carne no custeio do serviço público, cuja despesa não para de crescer. Tem efeito psicológico maior do que o resultado prático, mas denota a vontade de exercer o mandato com austeridade e responsabilidade. Diminuição no número de ministérios, encerramento de atividades de secretarias de pequena utilidade, dispensa de pessoal comissionado (mesmo quando são servidores efetivos), são providências recomendáveis. Intrometer-se nos orçamentos da Justiça e do Congresso seria muito bem-vindo, mas por enquanto estes dois poderes querem que se corte na carne apenas no Poder Executivo.
Finalmente, o governo precisaria repassar aos mercados que a retomada da produção sai mais barato do que o aumento do imposto. Seria razoável buscar convencer o empresariado a retomar suas atividades, voltar a investir, tentar tirar o bode da sala, e com isso pagar mais impostos.
Tudo isso, ainda assim, não resolve todo o problema. Muitos analistas estão seguros de que algum aumento de imposto precisa ocorrer, e há uma tendência em que esses aumentos atinjam os impostos indiretos, aqueles que o governo tem embutidos no custo das mercadorias e serviços.
Problemas? Não estão afastados. A Petrobrás, que devia estar presente na formação da taxa de investimento devida pelo governo, estará ausente neste e nos próximos anos, buscando curar suas feridas.
Chamar o serviço público às falas, mexendo para valer nos gastos de governo, exigirá desse “governo de guerra” um esforço muito grande, uma nova mentalidade em todo o país.


domingo, 6 de setembro de 2015





ESTAMOS MAIS POBRES?
E COMO SAÍMOS DESSA?

O brasileiro se sente mais pobre do que quando o PT assumiu. Por quê?
Faltam três semanas cheias para o fim do terceiro trimestre de recessão econômica no Brasil, que ocorre no terceiro mandato do PT à frente da administração, e os principais analistas já reconhecem que este será o pior trimestre desta retração, porque a administração da Economia está sem rumo e “não há forças capazes de levar a uma retomada do crescimento”, segundo um rigoroso analista da situação nacional.
Os empresários que se preocupam com a gestão de seus empreendimentos devem, neste mês, iniciar o planejamento para enfrentar 2016 – e, inevitavelmente, projetar esse planejamento até 2018, por causa da questão política. Segundo os jornais, “lamentam o desalento dos consumidores, que temem demissões que eles mesmos tiveram ou terão de fazer”. E afligem-se com a indefinição dos rumos do país, exatamente na hora em que devem planejar o futuro.
Irão planejar o quê? As agências de classificação de riscos estão atrasadas, porque o mercado já antecipou que perdemos o grau de investimento, com o salto para cima nas taxas do CDS - principal medidor do risco real - superando por larga margem o CDS da Turquia – que não tem grau de investimento.
O Brasil aproxima-se do efetivo descontrole cambial, com o dólar precificado em função do risco, reforçado pelo bom desempenho da economia e pela valorização da moeda americana e pela queda nos preços de commodities.
O mau comportamento do real frente ao dólar ocasiona preocupantes pressões inflacionárias, reforçadas pelo insucesso do ministro da Fazenda em corrigir os desajustes fiscais a que se propôs, no que foi impedido pela presidente que o nomeou, e que sofre de recaída das iniciativas do seu mandato anterior. Com isso, o prêmio de risco da inflação cresceu sem controle, levando as taxas de juros bancários de prazo longo a aumentar, carimbando a inflação como um evento de alto risco.
O planejamento de gestão empresarial sofre ainda com os dados que a Economia apresentou nestes três trimestres de retração:
·        Incerteza no mundo empresarial;
·        Consumo em queda, com inadimplência em alta;
·        Aumento do nível de desemprego;
·        Aumento no estoque de imóveis à venda;
·        Retração do crédito;
·        Baixa taxa de investimento.
Esta última característica tem, na Petrobrás, um efeito adicional, já que a companhia normalmente responde por 10% da FBCF (formação bruta de capital fixo) na Economia brasileira, e agora vê-se a braços com dívidas em dólar acima de sua capacidade de pagamento, e plano de negócios que exige desinvestimento difíceis de realizar, porque a indústria do petróleo vive um momento de baixa.
Resta-nos apenas a última fala da presidente, de que já cortou todos os gastos de governo que podia cortar.
Ninguém acredita nisso.