Contas comerciais do Brasil
com o Exterior
POR QUE O CÂMBIO
CONTINUA DESAJUSTADO
Os últimos
resultados do comércio exterior brasileiro são pouco animadores. Como destaque,
ressaltamos o fator de risco representado pela nossa dependência relativa com
relação às operações com a China (quase o dobro da observada com os Estados
Unidos), com déficit de US$ 2,5 bilhões.
Por esta razão, fica
claro para nós que não podemos desprezar o comércio externo regional (mesmo com
toda a deterioração da situação econômica da Argentina, ainda registramos
pequenos superávits, neste saldo comercial bilateral).
Variação do valor do dólar em 2015 |
Se associarmos esta
situação com o sempre adiado aumento na taxa de juros primários nos Estados
Unidos, podemos nos preparar para um ajuste cambial, que nos fará rever a
estratégia de comércio exterior.
O real vulnerável é
reflexo de ausência de tendência que se sustente, com sucessivas apreciações e
depreciações, ao mesmo tempo que o dólar forte dos Estados Unidos reduz
sensivelmente nossa competitividade no comércio exterior.
O comércio exterior
está menor
O índice de preço
das exportações apresentou acentuada redução de 21,7%, em abril,
comparativamente ao mesmo mês de 2014, como resultado das quedas registradas
nos preços de todas as classes de produtos:
- Básicos: (-32,1%),
- Semimanufaturados: (-10,8%) e
- Manufaturados: (-8,2%).
No acumulado do ano
e em 12 meses, as variações também foram negativas em todas as classes de produtos,
com destaque para os Básicos, que registraram queda de 29,3% no acumulado do
ano e de 16,1% no acumulado em 12 meses.
Em abril as
exportações e as importações brasileiras apresentaram queda de 23,2% e 23,7%,
respectivamente, em relação ao mesmo mês do ano anterior. Como resultado desses
fluxos foi gerado um pequeno superávit comercial de US$ 491 milhões no período.
No acumulado do ano, ao final de abril, o déficit da balança comercial ainda
era expressivo, alcançando quase US$5,1 bilhões.
Em maio, o
comportamento foi semelhante, acentuando a tendência a insuficiência de
estímulo às exportações, combinada com forte indicador recessivo, pela retração
também expressiva das importações, continuadamente.
Resulta evidente que
a situação desfavorável em que o Brasil se encontra vai além de uma mera
defasagem temporal entre um câmbio já, parcialmente, mais realista, e seu
efeito sobre o quantum por nós exportado.
O cenário de preços
externos nos é, claramente, desfavorável – e isto é algo que não deve mudar com
rapidez, mesmo com a recuperação econômica gradual da economia norte-americana,
com perspectiva na mesma linha (porém mais lentamente) na Europa Ocidental.
Assim, os principais
números, em maio, foram:
- Superávit da balança comercial de US$ 2,76 bilhões;
- Vendas ao exterior somaram US$ 16,76 bilhões em maio, e, com isso, tiveram uma queda de 15,2% sobre o mesmo mês de 2014; nesta comparação, recuaram as vendas de produtos básicos (-20,8%), manufaturados (-8,6%) e de semimanufaturados (-4,7%);
- Importações, comparadas a maio do ano passado, tiveram uma queda de 26,6% (superior à de abril, em comparação semelhante!), para US$ 14 bilhões.
Além dos
combustíveis e lubrificantes, que recuaram 44,3%, também caíram as compras do
exterior de matérias-primas & intermediários (-25,3%), bens de capital
(-24,3%) e bens de consumo (-16,1%).
Com base nos dados
detalhados já disponíveis, ainda referentes a abril, pode-se notar, com
destaque:
- Com relação às exportações, 20 dos 30 setores produtivos analisados registraram queda no acumulado do ano, comparado ao mesmo período de 2014.
- Dentre os 10 setores com maior peso na pauta de exportação (responsáveis por mais de 80% das vendas externas), sete registraram queda nas exportações, no acumulado do ano.
- Entre os setores com variações negativas destacam-se Agricultura & Pecuária (-26,3%) e Máquinas & Equipamentos (-15,9%).
Para onde foram nossos
produtos
Ásia, União Europeia
e NAFTA foram os principais blocos econômicos de destino das exportações
brasileiras em abril.
- Dos US$ 15,2 bilhões exportados em abril de 2015, US$ 5,3 bilhões foram para Ásia, US$ 2,7 bilhões para a União Europeia e US$ 2,5 para o NAFTA.
- Segundo a desagregação por países, o Brasil exportou para a China, em abril de 2015, US$ 3,4 bilhões, 22,7% do total exportado no mês.
- Para os Estados Unidos, o Brasil exportou mercadorias no valor total de US$ 2,0 bilhões, 13,0% do total.
- Para a Argentina, terceiro maior destino das exportações brasileiras, o país exportou mercadorias no valor de US$ 1,0 bilhão em abril.
Nos quatro meses
acumulados de 2015, o maior superávit na balança comercial na discriminação por
regiões e blocos econômicos, foi alcançado com a ALADI (US$ 2,0 bilhões),
enquanto o maior déficit ocorreu com Ásia (-US$ 4,1 bilhões).
Nenhum comentário:
Postar um comentário