sábado, 27 de junho de 2015





A MÉDIO PRAZO, PERSPECTIVAS

DE RECUPERAÇÃO DA ECONOMIA

Reconheça-se: ao recrutar o economista de oposição Joaquim Levy, Dilma Rousseff conseguiu evitar uma crise sem medida de comparação em toda a vida econômica brasileira, mas embarca para os Estados Unidos como chefa de um governo combalido, ameaçado pelos seus próprios poderes Legislativo e Judiciário em suas opções por gastança, ela mesma sob ameaça real de impedimento a partir da votação de suas contas pelo TCU, e com uma inquietante interrupção no processo de crescimento do país.
Como Levy não impôs um freio-de-arrumação nas contas dos 5.593 governos que sugam cerca de 40% da riqueza nacional, nem conseguiu levar a cabo todas as medidas que pretendia para corrigir os desajustes fiscais do primeiro governo Dilma, as projeções para o futuro da Economia recebem todo o impacto dessa desarrumação.
Nossa avaliação dessa situação resume-se a estes números:
A INFLAÇÃO
Pressupondo uma taxa média de sucesso nas medidas de combate à inflação, a variação relativa do IPCA (inflação) deve atingir o nível dos 6% em 2016 e 5% em 2017. Desde já, até o governo reconhece um acumulado de 9% na inflação de 2015, e as projeções para uma taxa bem próxima aos 10% já estão nas planilhas de instituições relevantes.
Para alcançar resultados significativos, é vital que a autoridade monetária – o Banco Central em especial – se empenhe arduamente em assegurar que a alta nos preços, mesmo que apenas a médio prazo, fique limitada à meta de inflação, o que já seria um fato inédito nos últimos cinco anos. Enquanto isso não acontecer, a dura realidade do pagamento dos juros da dívida pública, ao redor dos R$ 390 bilhões, e a indisciplina no corte de gastos do governo, pressionarão os preços para o alto, pelo menos no acumulado de vários meses, por mais algum tempo.

A TAXA DE JUROS PRIMÁRIA (SELIC)
A taxa Selic, como taxa de juros primários da Economia brasileira, deve ainda ter pelo menos dois acréscimos, de 0,5% cada um, nas sessões do Copom a se realizar em 29 de julho e 2 de setembro, atingindo assim os 14,75% ao ano. Refletem as pressões sobre a inflação num terceiro trimestre que deve ser pior que o segundo – que, por sua vez, foi muito pior que o primeiro.
Para as sessões de 21 de outubro e 25 de novembro, um arredondamento da taxa ao nível de 15% ao ano é uma expectativa razoável, visto de hoje, mesmo que não se concretize.
Os esforços do governo na luta contra a inflação devem alongar-se durante todo o ano de 2016, chegando até o primeiro semestre de 2017 com um panorama de correção. Objetivos de reduzir a taxa básica de juros para 13% a.a. ao final de 2016 e 11% por volta de dezembro de 2017 são bastante coerentes com a situação que a administração federal vai encarar, nesse horizonte.

O PRODUTO INTERNO BRUTO
O PIB – Produto Interno Bruto – que no momento é projetado nas análises oficiais como negativo em (-) 1,45%, sofrerá impactos decisivos neste segundo semestre, em especial nas reivindicações das principais categorias profissionais de trabalhadores e na queda continuada da atividade econômica, já uma quase-certeza neste terceiro trimestre de 2015.
A queda de 3%, reais, na arrecadação federal, no período Jan-Mai deste ano, é um poderoso indicador da redução da atividade econômica na fase inicial deste segundo semestre de 2015, o que reforça nossa previsão (exposta em março) de uma redução de 3% a 4% no PIB real, em 2015.
Antevemos a variação do PIB, nos próximos anos do atual governo, com crescimento mínimo em 2016 (entre a mera estagnação e 1% reais), dinamizando-se, um pouco, em 2017, já com a atividade econômica parcialmente recomposta, com expectativa de 2% a 3% reais de crescimento.
Não obstante, no acumulado destes três anos, a Economia experimentará longo período de estagnação, com flagrante paralisia nas iniciativas de investimento e necessidade urgente de melhoria na produtividade.
A oferta de crédito, tanto nos bancos públicos como na rede privada, estacionou e não tende a aumentar nos próximos meses, e os investimentos estrangeiros dependem de melhoras ponderáveis na credibilidade no governo.
O câmbio, para variar, continuará pressionado, provavelmente já mostrando isso tão logo o mercado perceba que, finalmente, estiver para terminar o atual miniciclo de altas sucessivas nos juros internos. 
Notem: nem precisamos lançar mão do cenário externo, para nos atrapalhar.


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