A MÉDIO PRAZO, PERSPECTIVAS
DE RECUPERAÇÃO DA ECONOMIA
Reconheça-se: ao recrutar o
economista de oposição Joaquim Levy, Dilma Rousseff conseguiu evitar uma crise
sem medida de comparação em toda a vida econômica brasileira, mas embarca para os Estados Unidos como chefa de um governo combalido, ameaçado pelos seus
próprios poderes Legislativo e Judiciário em suas opções por gastança, ela
mesma sob ameaça real de impedimento a partir da votação de suas contas pelo
TCU, e com uma inquietante interrupção no processo de crescimento do país.
Como Levy não impôs um
freio-de-arrumação nas contas dos 5.593 governos que sugam cerca de 40% da
riqueza nacional, nem conseguiu levar a cabo todas as medidas que pretendia
para corrigir os desajustes fiscais do primeiro governo Dilma, as projeções
para o futuro da Economia recebem todo o impacto dessa desarrumação.
Nossa avaliação dessa situação
resume-se a estes números:
A INFLAÇÃO
Pressupondo uma taxa média de
sucesso nas medidas de combate à inflação, a variação relativa do IPCA
(inflação) deve atingir o nível dos 6% em 2016 e 5% em 2017. Desde já, até o
governo reconhece um acumulado de 9% na inflação de 2015, e as projeções para
uma taxa bem próxima aos 10% já estão nas planilhas de instituições relevantes.
Para alcançar resultados
significativos, é vital que a autoridade monetária – o Banco Central em
especial – se empenhe arduamente em assegurar que a alta nos preços, mesmo que
apenas a médio prazo, fique limitada à meta de inflação, o que já seria um fato
inédito nos últimos cinco anos. Enquanto isso não acontecer, a dura realidade
do pagamento dos juros da dívida pública, ao redor dos R$ 390 bilhões, e a
indisciplina no corte de gastos do governo, pressionarão os preços para o alto,
pelo menos no acumulado de vários meses, por mais algum tempo.
A TAXA DE JUROS
PRIMÁRIA (SELIC)
A taxa Selic, como taxa de juros
primários da Economia brasileira, deve ainda ter pelo menos dois acréscimos, de
0,5% cada um, nas sessões do Copom a se realizar em 29 de julho e 2 de
setembro, atingindo assim os 14,75% ao ano. Refletem as pressões sobre a
inflação num terceiro trimestre que deve ser pior que o segundo – que, por sua
vez, foi muito pior que o primeiro.
Para as sessões de 21 de outubro e
25 de novembro, um arredondamento da taxa ao nível de 15% ao ano é uma
expectativa razoável, visto de hoje, mesmo que não se concretize.
Os esforços do governo na luta
contra a inflação devem alongar-se durante todo o ano de 2016, chegando até o
primeiro semestre de 2017 com um panorama de correção. Objetivos de reduzir a
taxa básica de juros para 13% a.a. ao final de 2016 e 11% por volta de dezembro
de 2017 são bastante coerentes com a situação que a administração federal vai
encarar, nesse horizonte.
O PRODUTO INTERNO
BRUTO
O PIB – Produto Interno Bruto – que
no momento é projetado nas análises oficiais como negativo em (-) 1,45%,
sofrerá impactos decisivos neste segundo semestre, em especial nas
reivindicações das principais categorias profissionais de trabalhadores e na
queda continuada da atividade econômica, já uma quase-certeza neste terceiro
trimestre de 2015.
A queda de 3%, reais, na arrecadação
federal, no período Jan-Mai deste ano, é um poderoso indicador da redução da
atividade econômica na fase inicial deste segundo semestre de 2015, o que
reforça nossa previsão (exposta em março) de uma redução de 3% a 4% no PIB
real, em 2015.
Antevemos a variação do PIB, nos
próximos anos do atual governo, com crescimento mínimo em 2016 (entre a mera
estagnação e 1% reais), dinamizando-se, um pouco, em 2017, já com a atividade
econômica parcialmente recomposta, com expectativa de 2% a 3% reais de
crescimento.
Não obstante, no acumulado destes
três anos, a Economia experimentará longo período de estagnação, com flagrante
paralisia nas iniciativas de investimento e necessidade urgente de melhoria na
produtividade.
A oferta de crédito, tanto nos
bancos públicos como na rede privada, estacionou e não tende a aumentar nos
próximos meses, e os investimentos estrangeiros dependem de melhoras
ponderáveis na credibilidade no governo.
O câmbio, para variar, continuará
pressionado, provavelmente já mostrando isso tão logo o mercado perceba que, finalmente,
estiver para terminar o atual miniciclo de altas sucessivas nos juros internos.
Notem: nem precisamos lançar mão do cenário externo, para nos atrapalhar.
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