ALVORADA, ADEUS?
O mandato de Dilma Rousseff
emagrece a olhos vistos.
Ao transferir a articulação
política de seu governo para Michel Temer, Dilma dá um aviso prévio aos Dois
Poderes: sua força política está nas últimas, o acúmulo de erros encheu as
medidas, ela tem muito pouco a sustentá-la.
Seu principal opositor
hoje, o PMDB, assume as rédeas do país com uma verdadeira Junta Governativa
(Temer, Renan e Cunha), onde os membros falam dialetos diferentes, mas estão
unidos em se opor ao partido da chefa e o que ele representa.
Nem a Lula Dilma se sente
obrigada a ser leal, certamente porque entende que ela representa apenas uma
fase do projeto de poder dele, e que de agora em diante tornou-se um empecilho
incômodo para que ele mantenha um mínimo de penetração popular que lhe assegure
votos na próxima eleição.
O povo, que desacredita
definitivamente nela, prevê um futuro difícil, receoso em relação ao descontrole
inflacionário, ao temor do desemprego, ao crescente endividamento pessoal. Sabe que
previsões realistas de 60 dias atrás sobre o comportamento da Economia estão
hoje comprometidas pelos desarranjos cambiais, pela paralisia que atinge a
indústria, pela queda abrupta nos níveis de consumo. As empresas constatam as
severas restrições ao crédito, o acúmulo de estoques, o impacto na formação de
seus custos.
O mandato, visto como terminal sob a
ótica da política, está ainda comprometido pelas ruínas econômicas que desabam
sobre a sua imagem de gerentona:
·
O rombo no caixa da Petrobrás, cujas consequências ainda são parcialmente
desconhecidas, podendo atingir a centenas de bilhões de dólares entre prejuízos
e indenizações no Brasil e no Exterior;
·
A crise energética que chega a milhões de consumidores com preços
de consumo de energia doméstica além de qualquer medida razoável;
·
As suspeitas que se levantam contra o BNDES, relacionadas a
financiamentos de empresas brasileiras em operações no Exterior e às chamadas “operações
secretas”, cujos teor e valor o Brasil inteiro quer conhecer;
·
O rombo nos fundos de pensão das repartições, autarquias e empresas
estatais, já na casa dos R$ 31 bilhões, com situação de alto poder de conflito,
como a decisão dos Correios de descontar dos 70 mil funcionários os prejuízos
causados ao Postalis por diretores políticos e sindicais;
·
Sem que se possa responsabilizar o seu governo, a corrupção
intensificada nas cobranças de impostos em fase de apreciação pelo CARF – Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais, já rondando a casa dos R$ 20 bilhões.
Aos escombros da atuação política
soma-se a correção dos desajustes fiscais de uma política econômica desastrosa
no primeiro mandato de Dilma, e que é essencial para reordenar a economia
brasileira, mas tem, no próprio Congresso Nacional, muitos obstáculos a vencer,
porque é orientada para o aumento das receitas e não para a diminuição dos
custos de governar.
Cremos que, para Dilma,
falta apenas ligar o desconfiômetro e encontrar uma forma negociada de
afastar-se da presidência, renunciando ao mandato.
Lula? Será a grande
incógnita dos próximos meses...